O vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, gerou polêmica ao defender publicamente os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Em uma postagem nas redes sociais, Quaquá compartilhou uma foto com familiares dos Brazão, afirmando que não existem provas contra eles e criticando a delação de Ronnie Lessa, responsável confesso pelo crime.
A reação veio rapidamente da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, que classificou a atitude de Quaquá como “repugnante”. Anielle afirmou que acionará a Comissão de Ética do PT, destacando que o uso do nome de sua irmã de forma irresponsável ofende as famílias das vítimas.
Em sua postagem, Quaquá expressou solidariedade à família Brazão e argumentou que a delação de Ronnie Lessa, que apontou os irmãos como mandantes do crime, seria uma manobra para reduzir a pena do ex-policial. Ele também insinuou que as investigações ignoraram a presença de Lessa no condomínio onde Jair Bolsonaro e um de seus filhos residem, um dia após o assassinato de Marielle.
Quaquá afirmou:
"Não vou trocar a verdade por medo de prejuízos de imagem. Deus, o cristianismo e o marxismo me ensinaram que só a verdade liberta."
O prefeito de Maricá defendeu que os irmãos Brazão são vítimas de perseguição, enquanto os verdadeiros culpados estariam utilizando delações para escapar de punições severas.
Anielle Franco declarou que a defesa dos Brazão é inaceitável, destacando o sofrimento contínuo de sua família.
“Tirem o nome da minha irmã da boca de vocês!”, escreveu a ministra, que pediu sanções internas contra Quaquá.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, repudiou as declarações de Quaquá, afirmando que suas palavras não representam a posição oficial do partido. Ela reiterou que o PT sempre defendeu justiça no caso Marielle e frisou que a denúncia contra os Brazão foi baseada em investigações criteriosas da Polícia Federal e acatada por unanimidade pelo STF.
Domingos e Chiquinho Brazão continuam presos desde março de 2024 e respondem a um processo no Supremo Tribunal Federal sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Durante audiências, ambos negaram qualquer envolvimento no crime.
Domingos afirmou nunca ter conhecido Marielle e classificou a delação de Lessa como destrutiva para sua família. Já Chiquinho disse que tinha uma boa relação com a vereadora quando ambos atuaram na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
A delação de Ronnie Lessa aponta que os irmãos Brazão consideravam Marielle uma ameaça devido à sua oposição ao loteamento de áreas na Zona Oeste controladas por milícias. A operação que prendeu os Brazão, em março de 2024, também resultou na prisão do ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa e de outros envolvidos.
Apesar das negativas dos réus, o caso continua cercado por controvérsias, com organizações de direitos humanos e familiares das vítimas pressionando por respostas e punições exemplares.
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