Após a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a presidência da Câmara e do Senado, respectivamente, o Centrão ampliou sua influência no governo Lula (PT) e passou a pressionar por maior participação na estrutura do Executivo. A vitória no Congresso fortaleceu o bloco, que agora busca maior controle sobre verbas e cargos estratégicos, além de um redesenho na equipe ministerial.
Segundo aliados, o Centrão não considera a ocupação de ministérios suficiente para garantir apoio irrestrito ao governo. Para consolidar uma aliança mais sólida, Lula precisaria reestruturar sua equipe e recuperar popularidade, fatores que têm gerado resistência entre parlamentares de centro e centro-direita em se associar diretamente ao petista.
Um dos pontos mais sensíveis nas negociações é o controle sobre as emendas parlamentares, que foram bloqueadas recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O Centrão avalia que retomar o poder sobre essas verbas é ainda mais relevante do que uma reforma ministerial, pois deputados e senadores já possuem autonomia orçamentária e não dependem exclusivamente do governo para atender suas bases eleitorais.
A pressão por maior influência sobre as emendas reflete a importância desses recursos para a manutenção de apoio político no Congresso. O bloqueio das verbas pelo STF foi visto como um revés para o Centrão, que agora busca garantir sua retomada como parte das negociações com o governo.
A necessidade de ampliar os laços com o Centrão tem levado Lula a considerar mudanças estratégicas na Esplanada. Nesta segunda-feira (3), o presidente inicia uma nova rodada de reuniões políticas, incluindo encontros com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e os novos presidentes do Senado e da Câmara.
Entre os cenários cogitados, um dos mais significativos seria a saída do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) para a Saúde, no lugar de Nísia Trindade. O comando da articulação política do governo poderia, então, ser entregue a um nome não petista, com Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), do Republicanos, despontando como favorito. Outra alternativa seria Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), atual líder do partido na Câmara, devido à sua proximidade com Motta e Alcolumbre.
Além disso, cresce a possibilidade de que o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) assuma um ministério, com a Justiça e Minas e Energia entre os alvos especulados. O PSD, partido do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), já manifestou interesse em ampliar seu espaço no governo.
Outra peça importante no xadrez político é Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara. Lula avalia que Lira não impôs obstáculos significativos à sua agenda legislativa e pode acomodá-lo no Ministério da Agricultura, apesar da boa avaliação do atual titular, Carlos Fávaro (PSD). A nomeação de Lira seria uma forma de garantir o apoio do PP, um dos partidos-chave do Centrão.
A busca por maior aproximação com o segmento evangélico também está na mesa de negociações. Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente do partido, é citado como possível integrante da nova equipe ministerial. A inclusão de Pereira seria uma estratégia para fortalecer os laços com os evangélicos, um eleitorado importante e influente no Congresso.
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