O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou suas redes sociais nesta quinta-feira (13) para criticar a rapidez com que o Supremo Tribunal Federal (STF) está conduzindo o inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ministro Cristiano Zanin marcou o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro para o dia 25 de março na Primeira Turma da Corte.
Bolsonaro comparou o caso brasileiro com o processo envolvendo o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destacando que as acusações de “insurreição” contra Trump levaram cinco anos para serem formalizadas e, segundo ele, foram “reduzidas a pó” pela escolha do povo americano. “Tudo correu na primeira instância, com uma breve consulta à Suprema Corte”, afirmou.
O ex-presidente ressaltou a suposta lentidão do Judiciário brasileiro em outros casos, citando dados do Banco Mundial que colocam o Brasil como a 30ª justiça mais lenta do mundo. “Mas, no meu caso, um inquérito repleto de problemas e irregularidades está indo a julgamento em apenas 1 ano e 1 mês. É impressionante!”, ironizou.
Bolsonaro voltou a insinuar que o processo é uma arma política contra ele, especialmente por sua liderança nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2026. “Parece que o devido processo legal, por aqui, funciona na velocidade da luz. Mas só quando o alvo está em primeiro lugar nas pesquisas”, afirmou.
Ele também comparou o caso brasileiro com investigações semelhantes na Alemanha, onde um processo envolvendo suspeitas de planejamento de um golpe de Estado em 2022 ainda tramita na primeira instância e deve levar anos para ser concluído. “Em outros países, o uso do direito como arma política causa escândalo. Aqui, parece ser a regra”, criticou.
A defesa de Bolsonaro tem tentado, sem sucesso até o momento, transferir o julgamento para o plenário do STF. Outros denunciados no caso, como o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também buscam levar o processo para a primeira instância, alegando que não possuem foro privilegiado.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defende que os investigados no chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista sejam levados a julgamento. A denúncia foi dividida em cinco grupos, envolvendo ao todo 34 pessoas, incluindo militares e ex-auxiliares de Bolsonaro.
O julgamento na Primeira Turma do STF será iniciado pelo ministro Alexandre de Moraes, que lerá o relatório resumindo a denúncia e as respostas dos acusados. Em seguida, o procurador-geral da República terá a palavra para defender a abertura da ação penal. Os advogados de defesa terão 15 minutos cada para rebater as acusações.
Após as sustentações, os ministros da Primeira Turma – Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin – votarão sobre a existência de indícios mínimos de materialidade e autoria dos crimes. Caso decidam pela abertura da ação penal, os denunciados se tornarão réus em um processo criminal.
As críticas de Bolsonaro ao STF reforçam o clima de tensão entre o ex-presidente e a Corte, que já se arrasta desde seu governo. A acusação de uso político da Justiça tende a alimentar o discurso de seus apoiadores, que veem no processo uma tentativa de desgastar sua imagem antes das eleições de 2026.
Enquanto isso, o STF enfrenta pressões para demonstrar imparcialidade e transparência no julgamento, especialmente diante das críticas à seletividade na condução de processos envolvendo figuras políticas. O desfecho do caso pode ter impactos significativos no cenário político brasileiro, influenciando não apenas o futuro de Bolsonaro, mas também a credibilidade das instituições democráticas.
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