Em um duro revés para o governo Lula, 146 deputados da base governista — 56% do total de assinaturas coletadas — apoiaram o requerimento de urgência para votação do projeto de anistia aos presos do 8 de janeiro. O PL, liderado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), protocolou o documento com 262 assinaturas, número suficiente para forçar a pauta na Câmara, já que são necessários 257 votos.
A adesão de partidos como União Brasil (40 assinaturas), Progressistas (35), Republicanos (28), PSD (23) e MDB (20) — todos com ministros no governo Lula — revela uma fissura na base aliada e expõe a dificuldade do Planalto em conter o avanço da proposta. Sóstenes afirmou que decidiu protocolar o pedido antecipadamente após descobrir que o governo estava pressionando deputados a retirar assinaturas.
Bolsonaro mantém pressão por anistia "ampla e irrestrita"
Mesmo internado em uma UTI em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro segue influenciando a pauta. Em conversa com aliados, reafirmou que não aceita meio-termo:
— "Modulação não nos interessa. Redução de penas não nos interessa. O que nos interessa, sim, é anistia ampla, geral e irrestrita."
Sua declaração reforça a estratégia da oposição de transformar o tema em um símbolo da resistência contra o que chamam de "perseguição política" pelo STF e pelo governo Lula. O voto do ministro Fux, que mencionou a possibilidade de redução de penas, foi visto como uma brecha para intensificar a campanha.
Governo perde controle da base e crise se aprofunda
A adesão maciça de partidos governistas ao projeto deixa o Planalto em situação delicada. Se aprovada, a anistia representaria:
Uma derrota política para Lula, que já enfrenta desgaste com índices de reprovação acima de 50%;
Um recado claro do Congresso contra a atuação do STF, que tem desaprovação recorde (49,1%);
O risco de novos embates institucionais, com o Judiciário pressionado a revisar condenações.
Próximos passos: pressão sobre Hugo Motta e timing político
Aliados de Bolsonaro afirmam que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tende a pautar o requerimento assim que possível. O governo tenta ganhar tempo, mas a articulação da oposição — somada ao apoio surpresa de parte da base — reduz as opções de Lula.
"Enquanto Lula gasta energia perseguindo opositores, o país clama por soluções para a economia e a segurança. A anistia é um tema de justiça, não de vingança", destacou um deputado da oposição.
A manobra bem-sucedida do PL evidencia a erosão da autoridade de Lula no Congresso e reacende o debate sobre o tratamento dado aos envolvidos no 8 de janeiro. Com a saúde de Bolsonaro estável e a base governista dividida, o Planalto pode ser obrigado a encarar uma votação que, se aprovada, marcará uma virada política significativa.
Pergunta que fica: Se até aliados de Lula estão apoiando a anistia, até quando o STF e o governo insistirão em uma narrativa de "defesa da democracia" que parece não convencer nem mesmo sua própria base?
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