Dados obtidos pelo Poder360 mostram que representantes do Ministério da Previdência Social, do Desenvolvimento Social e do INSS se reuniram repetidamente com entidades acusadas de desviar R$ 6,3 bilhões de benefícios previdenciários entre 2019 e 2024. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), principal alvo das investigações, participou de 13 desses encontros.
Ministros do governo Lula, como Carlos Lupi (Previdência) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), além do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, estiveram presentes em reuniões com essas organizações. Stefanutto deixou o cargo após a deflagração da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em descontos de aposentadorias.
CGU aponta aumento expressivo em repasses a sindicatos durante gestao petista
Relatorio da Controladoria-Geral da Uniao (CGU) revela que os descontos em beneficios previdenciarios tiveram crescimento acentuado desde 2022, atingindo 2,8 bilhoes de reais em 2024. Enquanto no governo anterior o valor registrado foi de 706,2 milhoes de reais, no atual governo o montante aumentou de forma significativa, levantando questionamentos sobre possiveis irregularidades.
A auditoria da CGU constatou que 97,6% dos aposentados tiveram descontos nao autorizados, e 96% dos entrevistados afirmaram nao ter qualquer vinculo com as entidades que receberam os valores. Entre as organizacoes investigadas esta o Sindnapi, cujo vice-presidente e Frei Chico, irmao do presidente Lula.
A Polícia Federal identificou que associações e sindicatos firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS para realizar descontos em folha de pagamento sem autorização dos beneficiários. A operação cumpriu 211 mandados de busca e 6 prisões temporárias, além de apreender bens de luxo, como carros e joias.
Entre as medidas adotadas, o governo suspendeu os ACTs de 11 entidades, incluindo a Contag e a Conafer, que tiveram repasses milionários. Apesar disso, críticos questionam a demora na ação, já que as irregularidades vinham sendo denunciadas desde 2023.
A Contag afirmou que discutiu "medidas de segurança" sobre descontos em reuniões com o INSS, mas negou irregularidades. Já o Ministério da Previdência alegou que os encontros trataram de "demandas legítimas" dos trabalhadores rurais.
Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que o caso expõe falhas graves na fiscalização do INSS e possível favorecimento político a entidades aliadas. Enquanto isso, aposentados continuam buscando na Justiça a restituição dos valores indevidamente descontados.
Contexto político:
O caso reforça críticas da oposição sobre falta de transparência e clientelismo no governo Lula.
Durante o governo Bolsonaro, repasses a sindicatos foram menores, mas a CGU já alertava para riscos de fraudes.
A PF investiga crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos.
Próximos passos:
O Congresso deve cobrar explicações dos ministérios envolvidos.
A CGU promete ampliar auditorias em outras entidades beneficiadas por ACTs.
Ações judiciais podem exigir ressarcimento aos aposentados afetados.
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