A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta sexta-feira (9) ao julgamento virtual da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti, acusados de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir documentos falsos, incluindo um suposto mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
O caso, relatado pelo próprio Moraes e com votos dos ministros Luiz Fux, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia, ocorre no plenário virtual e se estenderá até a próxima sexta (16). A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Zambelli como "autora intelectual" da operação, alegando que ela recrutou Delgatti com promessas de benefícios em troca da invasão.
Segundo a denúncia do procurador-geral Paulo Gonet, o objetivo da fraude seria "desmoralizar a Justiça brasileira" para obter ganhos políticos. Delgatti, que já confessou o crime, teria sido contratado pela parlamentar, com pagamentos "escamoteados" por meio de um assessor de seu gabinete. A perícia da Polícia Federal comprovou a invasão e a criação de um falso mandado contra Moraes – ironicamente, como se o próprio ministro tivesse ordenado sua prisão.
O caso ocorre em meio a crescentes atritos entre o STF e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, com a Corte sendo acusada por setores da direita de perseguição política. Defensores de Zambelli argumentam que o processo é mais um capítulo dessa disputa, enquanto críticos afirmam que as provas são robustas e demonstram um ataque deliberado às instituições.
Se condenada, a deputada pode responder criminalmente pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, com possíveis reflexos em sua carreira política. O julgamento também testará o alinhamento da Turma com o relator Moraes, conhecido por posturas duras em casos envolvendo ataques ao Judiciário.
Contexto mais amplo:
Este é mais um processo de alto perfil envolvendo figuras bolsonaristas no STF, seguindo uma série de ações contra parlamentares e aliados do ex-presidente. O desfecho poderá influenciar o clima político no Congresso, onde governistas e oposicionistas travam batalhas sobre os limites entre crítica política e supostos crimes contra a democracia.
Enquanto a esquerda celebra a apuração, setores da direita veem o caso como exemplo de "lawfare". O resultado do julgamento deve acirrar ainda mais esse debate nos próximos dias.
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