Uma ex-faxineira foi transformada em peça central de um esquema milionário que lesou idosos e aposentados por meio de descontos ilegais em benefícios do INSS. Maria Inês Batista de Almeida, falecida em 2024, foi usada como "laranja" pela Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), entidade que, sob fachada legal, movimentou cerca de R$ 30 milhões mensais em fraudes.
Esquema continuou mesmo após a morte da "presidente"
Apesar de ter sido nomeada presidente da Ambec entre 2023 e 2024, Maria Inês nunca teve controle real da associação. Na prática, quem comandava a operação era o empresário Maurício Camisotti, alvo da Polícia Federal por liderar uma organização criminosa especializada em fraudes previdenciárias. Curiosamente, mesmo após sua morte, o nome de Maria Inês continuou sendo usado em ações judiciais, como uma tentativa falha de processar o site Metrópoles por danos morais — recurso rejeitado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em janeiro de 2025.
Crescimento suspeito e descontos ilegais
Sob o comando oculto de Camisotti, a Ambec expandiu-se de forma absurda, saltando de 30 mil para 600 mil associados em pouco tempo. O faturamento mensal disparou, mas a maior parte dos recursos vinha de descontos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas, muitos deles idosos vulneráveis. A PF confirmou que Maria Inês era apenas uma das várias "laranjas" usadas pelo grupo para mascarar a fraude.
Justiça rejeita tentativa de censura e confirma reportagem
O TJSP arquivou a ação movida em nome de Maria Inês contra o Metrópoles, destacando que a reportagem se baseou em investigações sólidas e que não havia intenção de difamação. "Não se verifica a intenção de ofender ou de indevidamente qualificá-la como criminosa", afirmou a decisão judicial, que reforçou a legitimidade do jornalismo investigativo no caso.
Modus operandi do esquema
Camisotti e seus comparsas atuavam por meio de múltiplas associações, todas com o mesmo método: contratos de planos de saúde e benefícios coletivos com descontos abusivos e não autorizados nos contracheques dos aposentados. Muitas vítimas só percebiam a fraude quando viam seus benefícios reduzidos sem explicação. A PF já identificou que o grupo usava pessoas de baixa renda, como Maria Inês, para assinar documentos e dar aparência de legalidade às operações.
Repercussão e críticas à fiscalização
O caso expõe mais uma falha grave na fiscalização de entidades que manipulam benefícios previdenciários, deixando milhões de aposentados à mercê de golpistas. Enquanto a esquerda culpa supostos cortes de verba e desmonte de políticas públicas, a direita aponta para a ineficiência crônica do Estado em coibir fraudes, mesmo com estruturas caras e burocráticas.
Agora, a expectativa é que a Justiça avance nas investigações para responsabilizar os verdadeiros mandantes do esquema, evitando que novos idosos sejam vítimas de golpes semelhantes. Enquanto isso, o caso da faxineira "presidente" serve como alerta para os riscos da falta de transparência no sistema previdenciário.
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