O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta semana aos interrogatórios no processo que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. As audiências, que ocorrem presencialmente entre os dias 9 e 13 de junho, têm sido acompanhadas de perto por apoiadores do ex-presidente, que denunciam perseguição política.
A primeira sessão aconteceu na tarde do dia 9, com as demais marcadas para começar às 9h, exceto no dia 11, quando o interrogatório teve início às 8h. As sessões são transmitidas ao vivo, gerando debates acalorados nas redes sociais, onde simpatizantes de Bolsonaro questionam a imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
O primeiro a depor foi o tenente-coronel Mauro Cid, que firmou delação premiada e é visto por defensores de Bolsonaro como uma peça-chave articulada pela oposição. Na sequência, serão ouvidos os demais réus em ordem alfabética, incluindo o ex-presidente.
Críticos do processo argumentam que o STF age com viés político, citando a proximidade de ministros como Flávio Dino e Cristiano Zanin com o governo Lula. Para juristas alinhados à direita, o caso é mais um capítulo de uma estratégia para criminalizar Bolsonaro e seus apoiadores.
Os réus respondem por cinco crimes, incluindo "tentativa de golpe de Estado" e "organização criminosa armada". A defesa de Bolsonaro nega veementemente as acusações, classificando-as como fruto de uma narrativa construída para deslegitimar o ex-presidente.
Advogados próximos ao ex-mandatário afirmam que não há provas concretas de um suposto plano golpista, apenas interpretações de conversas e reuniões que, segundo eles, foram distorcidas para enquadrar Bolsonaro.
Diferentemente de testemunhas, os réus têm o direito de se manifestar ou permanecer em silêncio. Analistas jurídicos favoráveis a Bolsonaro sugerem que ele deve usar o interrogatório para expor supostas inconsistências no processo e reforçar a tese de perseguição.
"Este é um julgamento político disfarçado de ação penal. Bolsonaro tem a chance de mostrar ao país como o sistema judiciário está sendo usado para atacar seus opositores", afirmou um advogado próximo ao ex-presidente, que preferiu não se identificar.
Embora a prisão de Bolsonaro nesta fase seja considerada improvável, a mera hipótese já mobiliza seus apoiadores, que veem no processo uma tentativa de impedi-lo de disputar futuras eleições. Enquanto isso, o governo Lula é acusado de usar o STF como instrumento de retaliação, estratégia que, segundo críticos, prejudica a imagem do país no cenário internacional.
O desfecho do caso pode definir não apenas o futuro político de Bolsonaro, mas também acentuar a polarização no Brasil, em um ano marcado por tensões entre o Judiciário e setores conservadores.
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