O almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha durante o governo de Jair Bolsonaro, negou categoricamente nesta terça-feira (10) qualquer envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o militar afirmou que a reunião realizada em dezembro daquele ano com Bolsonaro e outros comandantes teve como foco a segurança pública, e não um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Garnier, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ter colocado tropas da Marinha à disposição de Bolsonaro, desmentiu as alegações e disse que não houve deliberação sobre medidas antidemocráticas no encontro. "O presidente [Bolsonaro] expôs preocupações, mas não houve qualquer decisão ou orientação no sentido de ações ilegais", declarou. O almirante também reforçou que não recebeu nenhuma minuta de decreto de intervenção ou estado de sítio, contrariando versões apresentadas em outras investigações.
O militar ainda criticou os depoimentos de outros réus, classificando parte das acusações como "ilusões" e "conversa de bar", e reafirmou que cumpriu rigorosamente seu papel institucional. Ele também negou ter feito críticas às urnas eletrônicas ou defendido a anulação das eleições, como alegado pela PGR.
Garnier é o terceiro interrogado no processo, após o tenente-coronel Mauro Cid e o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. A defesa do almirante sustenta que as acusações são infundadas e fruto de uma narrativa política para criminalizar o governo anterior. Enquanto isso, apoiadores de Bolsonaro reforçam que o caso é uma tentativa de perseguição judicial, enquanto setores ligados ao PT defendem que as investigações são essenciais para preservar a democracia.
O STF deve continuar ouvindo outros envolvidos nas próximas semanas, enquanto a defesa dos acusados busca demonstrar a ausência de provas concretas de um suposto plano golpista.
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