Extradição da deputada condenada pelo STF depende de detenção em local público e enfrenta obstáculos burocráticos
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, admitiu que a prisão da deputada federal afastada Carla Zambelli (PL-SP) pode enfrentar dificuldades no país europeu. Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de prisão por suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli deixou o Brasil e atualmente está na Itália, onde possui dupla cidadania.
Segundo Mosca, a polícia italiana não pode realizar uma operação para detê-la em residência privada, sendo necessário que ela seja presa em local público. "Mesmo que saibam onde ela está, não há mandado de busca. A prisão só pode ocorrer se ela estiver em via pública", explicou o embaixador em entrevista à Folha de S. Paulo.
Zambelli entrou na Itália antes que a Polícia Federal brasileira solicitasse sua inclusão na lista de "difusão vermelha" da Interpol, o que facilitou sua entrada sem impedimentos. Apesar disso, Mosca destacou que a cidadania italiana não a torna imune à extradição, citando casos recentes de ítalo-brasileiros extraditados.
O processo, no entanto, pode ser demorado e dependerá de análises jurídicas e políticas. Zambelli busca apoio de líderes conservadores europeus, como a primeira-ministra Giorgia Meloni, mas o embaixador acredita que isso não influenciará a decisão final. "Crimes cibernéticos são levados a sério na Itália", afirmou.
Enquanto isso, autoridades brasileiras mantêm diálogo com a Itália para agilizar a detenção e possível extradição, mas o desfecho ainda é incerto.
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