A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), foragida na Itália desde maio, declarou ao G1 que se apresentará às autoridades italianas caso o pedido formal de extradição seja efetivado pelo governo brasileiro. A afirmação ocorre após sua inclusão na lista vermelha da Interpol, que autoriza prisão imediata em qualquer país membro. No entanto, especialistas apontam que a estratégia da parlamentar visa prolongar ao máximo o processo, que pode se arrastar por até 18 meses.
O jogo político por trás da extradição
Enquanto o Ministério da Justiça aguarda comunicação oficial do STF para iniciar os trâmites, a base bolsonarista intensifica críticas ao que chama de "teatro judicial". Parlamentares do PL acusam o ministro Alexandre de Moraes de acelerar o caso Zambelli enquanto ignora processos contra figuras petistas. "Há dois pesos e duas medidas. Onde está a mesma celeridade para investigar os escândalos do governo Lula?", questionou um deputado da oposição.
A possibilidade de Zambelli cumprir pena na Itália - prevista em tratados bilaterais - é vista como uma manobra para evitar o cárcere no Brasil. Juristas lembram que, mesmo que a extradição seja aprovada, a deputada pode recorrer em até três instâncias na Justiça italiana, o que adiaria significativamente seu retorno.
Aposta arriscada na relação Brasil-Itália
Apesar da expectativa inicial de que a primeira-ministra Giorgia Meloni - aliada ideológica de Bolsonaro - pudesse intervir, analistas consideram improvável que o governo italiano arrisque sua reputação internacional para proteger a parlamentar. "A Itália não vai colocar em risco acordos de cooperação jurídica por um caso isolado, mesmo com a afinidade política", explicou um diplomata europeu ouvido sob condição de anonimato.
Do lado brasileiro, o Planalto monitora o caso com cautela. Líderes governistas pressionam a Mesa Diretora da Câmara para protocolar a cassação do mandato de Zambelli, mas enfrentam resistência de Hugo Motta (Republicanos-PB), que insiste em levar a decisão ao plenário.
O custo político da fuga
Enquanto Zambelli posta vídeos nas redes sociais como se estivesse em "exílio político", setores da direita começam a questionar a coerência da deputada, que durante anos defendeu o "combate à bandidagem". "Fugir da Justiça não é atitude de quem pregava lei e ordem", criticou um ex-aliado em grupos internos do PL.
Com o processo judicial já transitado em julgado e a condenação a 10 anos de prisão confirmada, a única esperança da parlamentar reside na demora burocrática da extradição. Enquanto isso, o caso se transforma em mais um capítulo da guerra institucional entre o Judiciário e a ala bolsonarista do Congresso - com o contribuinte brasileiro pagando a conta.
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