Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do governo Jair Bolsonaro, compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília na manhã desta sexta-feira (13/6) para prestar depoimento sobre a investigação que apura uma possível tentativa de obter um passaporte português de forma irregular. O objetivo, segundo as autoridades, seria facilitar sua saída do país.
O ex-ministro do Turismo Gilson Machado, também ligado ao governo Bolsonaro, foi preso preventivamente no Recife sob suspeita de atuar para viabilizar a emissão do documento. A PF investiga se houve articulação para burlar processos judiciais em curso, já que Cid é réu em ações relacionadas a supostos atos golpistas após as eleições de 2022.
A defesa de Mauro Cid negou qualquer pedido de passaporte e afirmou que sua delação premiada segue válida, baseada em provas e depoimentos já apresentados. "É uma surpresa. Desconheço os fatos, mas com certeza Mauro Cid não requereu passaporte", declarou um de seus advogados.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) endossou a investigação, solicitando ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra de sigilos telefônicos e telemáticos de Gilson Machado. A PF suspeita que ele tenha feito contato com o consulado português no Recife em maio deste ano para intermediar a emissão do documento.
Contexto político
O caso ocorre em um momento de intensa polarização, com setores da direita acusando o STF e o governo Lula de perseguição política. Enquanto a oposição destaca a necessidade de apuração rigorosa, aliados de Bolsonaro questionam o timing das ações, sugerindo motivações eleitorais.
Mauro Cid e outros integrantes do governo anterior respondem por supostas tentativas de golpe após a derrota eleitoral de 2022. A defesa de Cid insiste que sua colaboração com a Justiça tem sido transparente e que novas acusações podem ser usadas para descreditar seu depoimento.
A prisão de Gilson Machado e o depoimento de Cid devem reacender o debate sobre o tratamento dado a investigações envolvendo figuras do bolsonarismo, em contraste com casos ligados a aliados do atual governo.
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